COMPAIXÃO E SOCORRO*
Emmanuel
(Espírito)
Todavia,
amai nos vossos inimigos (...)
Lucas
6:25
Não
apenas os vossos adversários costumam cair.
É
preciso entender que as situações constrangedoras não aparecem
unicamente diante daqueles que não nos comungam os ideais, cujas
deficiências, por isso mesmo, estamos naturalmente inclinados a
procurar e reconhecer.
As
criaturas que mais amamos também erram, como temos errado e adquirem
compromissos indesejáveis, como, tantas vezes, temos nós abraçado
problemas difíceis de resolver.
E
todos eles - os irmãos que resvalam na estrada – decerto pedem
palavras que os esclareçam e braços que os levantem.
Tanto
quanto nós, na travessia das trevas interiores, quando as trevas
interiores nos tomam de assalto, reclamam compaixão e socorro, ao
invés de espancamento e censura.
Ainda
assim, compaixão e socorro não significam aplauso e conivência
para com as ilusões de que devemos desvencilhar-nos.
Em
verdade, exortou-nos Jesus a deixar conjugados, o trigo e o joio, na
gleba da experiência, de vez que a divina Sabedoria separará um do
outro, no dia da ceifa, mas não nos recomendou sustentar reunidos a
planta útil e a praga que destrói. À vista disso, a compaixão e o
socorro expressam-se no cultivador através da bondade vigilante com
que libertará o vegetal proveitoso da larva que o carcome.
O
papel da compaixão é compreender.
A
função do socorro é restaurar.
Mas
a compaixão que acalenta o mal reconhecido, a título de ternura,
converte-se em anestesia da consciência e se o socorro suprime o
remédio necessário ao doente, a pretexto de restaurar-lhe o
conforto, transforma-se na irresponsabilidade fantasiada de carinho,
apressando-lhe a morte.
Reconhecendo,
pois, que todos somos suscetíveis de queda, saibamos estender
incessantemente compaixão e socorro, onde estivermos, sem escárnio
para com as nossas feridas e sem louvor para com as nossas fraquezas,
agindo por irmãos afetuosos e compassivos mas sinceros e leais uns
dos outros, a fim de continuarmos, todos juntos, na construção do
Bem eterno, trabalhando e servindo, cada qual de nós, em seu próprio
lugar.
*
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Pelo Espírito Emmanuel.
Livro
da Esperança.
Uberaba, MG: Ed. CEC. Cap. 32. Em: Emmanuel (Espírito). O
Evangelho por Emmanuel: Comentários ao Evangelho Segundo Lucas.
Coordenação de Saulo César Ribeiro da Silva. 1. ed. 4. imp.
Brasília: FEB, 2015. p.71-72.
*****